Esse blog tem a intenção de lançar informações sobre o "néctar dos Deuses" denominado VINHO.
Pretendemos, com isso, incluir no dia-a-dia brasileiro esse excepcional alimento.

domingo, 2 de outubro de 2011

VINHO DO PORTO







VINHOS DE PORTUGAL – PARTE I






Olá caro leitor, iremos dividir o estudo dos vinhos Portugueses em 3 (três) partes, isso porque, quando falamos em vinho Português, logo nos vem em mente o “vinho do porto”; sendo assim, esse será o primeiro post. Num segundo momento, falaremos do “vinho verde”, e por fim, fecharemos nossa expedição na viticultura lusitana com os chamados “vinhos de denominação controlada - DOC”.




Sendo assim, passemos a entender o VINHO DO PORTO.




Para tanto, faremos uma digressão histórica que nos ajudará a entender a produção desse vinho, bem como, a importância de Portugal no mundo da viticultura.




O mundo da viticultura em Portugal sofreu forte, senão total influência da Inglaterra, isso porque, no século XVII quando a Inglaterra entrou em guerra com a França (leia-se mais uma guerra entre estes Países), a Inglaterra escolheu Portugal para suprir a demanda inglesa de vinho, onde, por meio do tratado de Methuen assinado em 1703, ouve a derrubada das tarifas dos produtos portugueses, concessora da ascensão da expansão dos vinhos de Portugal.




Aliás, estudiosos também apontam outro fator marcante na condição de ascensão da viticultura portuguesa, que foi feito em face das invasões napoleônicas em Portugal, onde, além da vinda de D. João VI ao Brasil, também fez com que Portugal virasse vice-reinado, firmando alianças com o Reino Unido que gerou a expulsão e derrota de Napoleão das áreas Portuguesa. Esse fato estreitou mais ainda o comercio do vinho Português com a Inglaterra.
Dentro dessa perspectiva, surge, em 1756 o nome de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como primeiro ministro de Portugal, onde, no intuito de melhor atender aos “fiéis” clientes ingleses, demarcou e delimitou a região portuguesa do DOURO como sendo destinada a produção do VINHO DO PORTO (Douro é uma região banhada pelo rio Douro, principal rio de acesso ao oceano Atlântico, feita pela região do Porto que deu nome ao vinho!).




Nesse contexto, fato é que, alguns autores apontam que o VINHO DO PORTO nasceu de um ACIDENTE DE PERCURSO, isso porque, como Portugal tinha que fornecer vinho para a Inglaterra, e como os caminhos marítimos – comércio além-mar – eram permeados de longas distâncias, à guarda dos vinhos transportados em tonéis era agregado de água ardente vínica para que houvesse um processo mais rápido de fermentação e por consequencia o vinho ficasse preparado mais rápido. Donde, nasceu um vinho fortificado e doce, isso porque, com a adição do álcool no PROCESSO DE VINIFICAÇÃO, interrompia-se a fermentação natural das cascas das uvas (que demandaria determinado tempo), mantendo-se por assim, o açúcar natural das uvas.




Desse modo, podemos tirar duas conclusões sobre o VINHO DO PORTO: suas principais regiões produtoras situam-se no DOURO e por consequência na região do PORTO; e, o processo de vinificação do vinho do porto é diferente dos tradicionais processos de vinificação, uma vez que, é adicionado água ardente vínica (gradação de 77%) para interromper o processo de fermentação natural (que dura somente 48 horas), por meio do qual aproveita-se o açúcar das uvas, fazendo com que nasça um vinho fortificado e doce. Alguns estudiosos intitulam-no como um licor de uva. Todavia, as rígidas leis portuguesas sobre vinho, concebem-no como VINHO, sendo assim aceito pelos enólogos e sommeliers!



Lancemos algumas curiosidades: Quinta é o termo utilizado para designar a vinícula em Portugal – seria sinônimo ao termo Chateou na França; Uvas autóctones é a designação concedida para as uvas próprias daquela região – Portugal é pródiga em uvas autóctones, onde destacamos as seguintes na utilização do vinho do porto: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Nacional – essa é a principal; e, como última curiosidade destacamos o termo Garrafeira que é o nome dado para adega em Portugal, termo também utilizado para designar as lojas que vendem vinhos.




Passado em revistas tais aspectos introdutórios, vamos para os “TIPOS” DE VINHOS DO PORTO com suas características:




1. RUBY: é um tipo de vinho do porto jovial e frutado. Possui a mistura (tecnicamente chamada de assemblagem ou corte) de diversas safras envelhecidas por 2 ou 3 anos antes de ser engarrafados. Se receberem a designação RESERVA é porque foram feitos de cepas premium e envelhecidos de 3 a 5anos antes de serem engarrafados. Deve ser servido em temperatura de 13 a 16 graus.




2. TAWNY: é um tipo de vinho do porto que ganha conotação aveludada e complexa de frutas. São envelhecidos por mais tempo que o tipo ruby, onde em geral indicam a idade no rótulo (10,20,30 ou 40 anos). Todavia, há tawny mais baratos no preço que apresentam a mesma idade de um ruby básico, sendo inclusive uma versão mais atenuada daqueles. Deve ser servido em temperatura de 13 a 16 graus.




3. VINTAGEM: é o melhor vinho do porto de uma única colheita (entenda: diferente dos outros dois tipos acima, este não conta com diversas safras!). É envelhecido por 2 ou 3 anos em madeira antes de ser engarrafado, onde quando engarrafado, permanecerá por 20 anos ou mais; isso porque, será engarrafado sem filtragem, onde formará sedimentos (chamados tecnicamente de crust) que ajudarão no amadurecimento do vinho. É um típico vinho que merece ser decantado para que não bebamos suas borras. E mais, com a idade fica suave e floral combinando potência e elegância. Deve ser servido em temperatura de 18 graus.




4. LATE BOTTLED VINTAGE (LBV): é um vinho do porto de uma única colheita em maior escala do que o vintage, sendo envelhecido de 4 a 6 anos em madeira antes de ser engarrafados. Seu engarrafamento se processa mediante filtragem. Como característica podemos dizer que possui maior profundidade do que um ruby reserva, sendo muito popular. Deve ser servido em temperatura de 18 graus.




5. COLHEITA: é um vinho do porto de um só clima, sendo envelhecido em madeira por no mínimo 7 anos. Algumas colheitas inclusive ficam 30 anos ou mais em madeira. Por característica possuem um caráter suave, dourado, madeirado e sedoso. Deve ser servido em temperatura de 18 graus.



6. CRUSTED: é um vinho do porto que mistura aspectos do ruby e do vintage, isso porque, é produzido com cortes de mais de uma colheita sendo engarrafado sem filtragem. É um vinho potente e concentrado. Deve ser servido em temperatura de 13 a 16 graus.




7. PORTO BRANCO: é um vinho branco produzido pelo processo de vinificação dos vinhos do porto, destacado principalmente das cepas viosinho, rabigato, malvasia, fina, codega, gouveia, moscatel, Fernão pires, arinto, folgazão e donzelinho. Em geral possui característica de ser meio-seco, harmonizando perfeitamente com aperitivos. Deve ser servido em temperatura de 13 a 16 graus.




Caro leitor, tendo em vista a característica desse blog, lançamos aqui alguns aspectos descritivos do vinho do porto. Com isso, esperamos ter desmistificado seus conceitos no sentido de colaborar na aquisição desse vinho.
Ressaltamos por fim que, a harmonização do vinho do porto será explanada em post específico.




Boa degustação!

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