VINHOS DE PORTUGAL – PARTE III
Neste post demonstraremos como está distribuída a legislação Portuguesa sobre vinhos.
Pois bem, podemos começar dizendo que Portugal é um país pioneiro na adoção de leis para a defesa dos interesses do consumidor (há quem indique o ano de 1756, por meio das medidas pombalinas, remetendo-se a Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como a primeira medida legislativa com finalidade de se estabelecer a demarcação da região produtora do vinho do Porto).
Pois bem, a legislação portuguesa, além de demarcar a área territorial, também prevê as castas, processo de vinificação e a forma de produção que poderá ser adotada pela vinícola demarcada e controlada na região indicada.
Desse modo, basicamente em Portugal podemos encontrar quatro tipos de classificação de vinho. São estas: Vinho de Mesa, Vinho Regional, Vinho de Indicação de Procedência Regulamentada (IPR) e Vinho de Denominação de Origem Controlada (DOC).
Pela primeira classificação – vinhos de mesa - temos os vinhos populares de Portugal. São vinhos simples produzidos em diversas regiões, sem controle de qualidade e sem área restrita de produção.
Por seu turno, os Vinhos Regionais, designação concedida em 1992, são aqueles vinhos produzidos em determinada região (basicamente 8 regiões: Algarve, Alentejo, Beiras, Estremadura, Ribatejo, Rios do Minho, Terras do Sado e Trás-os-Montes). Em tese, possuem qualidade melhor do que os vinhos de mesa (digo em tese porque poderá haver excelentes vinhos de mesas, todavia como não há um controle de qualidade sobre os mesmos, tais ficaram no anonimato!).
De outro lado, os Vinhos de Indicação de Procedência Regulamentada (IPR), classificação esta estabelecida em 1986, são vinhos de determinada região, chamada de vinhos de qualidade produzida em região demarcada (VQPRD); contam com um controle fiscalizatório maior do que os considerados regionais. São estabelecidas para essa classificação 30 regiões produtoras, destacando-se: Alcobaça, Almeirim, Biscoitos, Chamusca, Chaves, Encostas d’Aire, Évora, Óbidos, Santarém, Torres Vedras.
Por fim, os Vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC), produzem os considerados vinhos de melhor qualidade tendo em vista o maior controle legislativo que se estabelece. Podemos citar as seguintes regiões demarcadas de origem controlada:
a) Alentejo: Centro-sul de Portugal, na divisa da Espanha. Se subdivide em: Borba, Vidigueira, Reguengos, Portalegre e Redondo. Principais vinícolas: Herdade do esporão, Quinta do Carmo, Quinta da Terrugem, Paço dos Infantes, Cartuxa e Monte do Pintor.
b) Bairrada: Centro-norte de Portugal. A peculiaridade dessa região é que ela produz vinho encorpado e tânico ótimos para envelhecimento para poderem ser melhores degustados e aproveitados. Também há nesta região excelentes espumantes. Principais vinícolas: Casal Mendes, Bairrada Caves Aliança, Caves São João, Luís Pato e Bairrada Messias.
c) Bucelas: Vale do rio Trancão que fica a 25 km de Lisboa. Principais vinícolas: Prova Régia, Quinta da Romeira, Bucelas Caves Velhas e Calhandiz.
d) Dão: É a maior região vinícola de Portugal. Situa-se no Centro-norte de Portugal entre os rios Dão e Mondego. É predominante a produção de vinhos tintos. Principais vinícolas: Conde de Santar, Real Vinícola, Dão Terras Altas, Dão Cardeal, Dão Catedral, Dão Aliança, Dão Grão Vasco e Duque de Viseu.
e) Douro: Nordeste de Portugal. Região Produtora do VINHO DO PORTO, todavia há também produção de vinhos não fortificados. Remetemos o leitor ao post – Vinho do Porto.
f) Madeira: Ilha da Madeira – oceano Atlântico. Produz vinhos brancos fortificados doces ou secos. Tais vinhos podem e devem ser envelhecidos (para alguns enólogos a capacidade de envelhecimento de até 50 anos!). Essa região detem uma peculiaridade. A produção de vinhos desta região é feita pela Madeira Wine Company, destacando-se os seguintes nomes: Blandy, Cossart Gordon, Leacock e Miles.
g) Costa Verde: Norte de Portugal. Produtora do vinho verde. Remetemos o leitor ao post Vinho Verde.
h) Moscatel de Setúbal: Região que ganha o nome da principal uva – moscatel de Setúbal. Situa-se ao sul de Lisboa. Produz vinhos fortificados com estrutura para envelhecer, segundo alguns enólogos, entre 20 a 40 anos. Principais vinícolas: Periquita (que também é o nome da principal uva, chamada por outros de Castelão Francês), Catarina, Cova da Ursa, Meia Pipa, Camarate e BSE.
i) Algarve: Situa-se no extremo sul de Portugal. Subdivide-se em: Lagoa, Lagos, Portimão e Tavira. Principais vinícolas
j) Carcavelos e Colares: Região costeira a noroeste de Lisboa
Para terminarmos o estudo dos vinhos portugueses colacionamos uma citação de Jorge Lucki retirada do livro “A experiência do gosto”, quando o autor trata do tema: “Portugal deixou de ser apenas Vinho Verde, Dão e Porto”, dizendo: “A entrada de Portugal no Mercado Comum Europeu em 1986 redundou mais do que em progresso (visível) e estradas; os ‘novos’ vinhos portugueses refletem também, inequivocamente, uma nova mentalidade. O processo de modernização trouxe uma geração de vinhos que ao mesmo tempo preserva a identidade do país e mostra de forma transparente o enorme potencial vinícola português. Essa identidade é garantida pela utilização de suas castas de uvas originais, transformando Portugal numa das raras regiões do mundo a obter sucesso sem apelar para Cabernet e Chardonnay.”.
*(Imagem retirada do livro: Coleção Folha - O Mundo do Vinho - Portual - vol.09 - p.13).
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